quinta-feira, 31 de março de 2011

Lidando com nova concepção de vida

        O trabalho começou em cinco abrigos na cidade. Conforme a Prefeitura foi remanejando as vítimas nos abrigos, o curso concentrou os trabalhos na Igreja Batista da Barra do Imbuí, onde havia cerca de 30 famílias crianças. Lá se desenvolvem atividades lúdicas com o foco pedagógico, com contação de histórias, jogos, leituras de literatura infantil, entre outras. Os estudantes trabalham em duplas, com grupos que se dividem na parte da manhã e na parte da tarde. A observância do comportamento das crianças tem gerado novos planos para lidar com as necessidades emergentes da situação e experiências únicas. “Percebemos que as crianças querem expor os pensamentos e sentimentos em relação a tudo que elas sofreram e por estarem em um lugar que não é a casa delas. No primeiro momento era pouca fala, mas com o tempo começaram a conversar mais”, relatou a coordenadora. A estudante Jéssica Mendes de Oliveira, do sétimo período de Pedagogia, também sentiu um pouco de resistência ao se aproximar das crianças nos primeiros dias em que trabalhou no abrigo da Igreja de Deus na Várzea. “No decorrer dos dias eles começaram a interagir mais e o trabalho foi se desenvolvendo. Com materiais doados pelo Centro Educacional Serra dos Órgãos (CESO) conseguimos realizar diversas atividades e acredito ter transformado um pouco aquela realidade tão triste”, refletiu. Junto a estudante Eluanna Esteves e com a parceria do responsável pelo trenzinho, as estudantes proporcionaram momentos de descontração para as crianças com um passeio pela cidade. “Foi algo muito marcante para todas as crianças, era nítida a emoção e alegria delas”, observou.

“O objetivo foi levar amor e força para essas crianças tão sofridas e acredito que alcançamos. Para mim fica a lembrança de um trabalho inexplicável onde ganhei muito mais que doei”
                                                       Jéssica Mendes de Oliveira

     Reportagem de Giovana Campos

Observar e se adaptar às necessidades das vítimas: o desafio da Pedagogia


Passados dois meses da catástrofe, muitas pessoas que perderam suas casas ainda vivem em abrigos da cidade. Com o tempo, dividir o mesmo teto vai se tornando cada vez mais difícil. Para lidar com esta situação, a serenidade e o preparo são fundamentais para que o voluntário preste um serviço de apoio qualificado. “A calamidade trouxe perdas materiais, mas também muitas perdas emocionais e uma necessidade de buscar caminhos para sobreviver. Você tem que lidar com novas condições de vida. Isso é uma coisa que observamos durante nossos trabalhos e é importante refletir. Este é um momento de aprendizado”, observou a professora Maria Terezinha Espinosa de Oliveira, coordenadora do curso de Pedagogia do UNIFESO.
Esta preocupação é uma das pautas que ela aborda no Comitê Emergencial de Proteção à Criança e ao Adolescente – criado em Teresópolis para dar segurança e prestar atendimento aos menores de idade vitimados pelas chuvas – onde ela representa o UNIFESO. “Vale a pena fazermos uma reflexão a respeito das dificuldades que as pessoas que estão nos abrigos certamente estão vivendo, isso porque não é fácil perder tudo de uma hora para outra e ir morar com outras pessoas de uma forma coletiva”. A observação que faz a professora Maria Terezinha tem como base suas visitas aos abrigos da cidade, e a experiência do trabalho institucional que tem feito com os estudantes do curso. Para prestar assistência nos abrigos, a coordenadora encaminhou os estudantes para a Vara da Infância e da Juventude de Teresópolis, onde foram todos cadastrados para seguirem o planejamento traçado na Instituição. “Além disso, com o desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão e produção de material informativo no campo da educação e da saúde, podemos subsidiar a proposição do comitê, cumprindo a missão institucional”, ressaltou a professora Maria Terezinha.

Reportagem de Gionava Campos

sexta-feira, 25 de março de 2011

CCHS promove Aula Magna com o tema: “Homem e Natureza: Marcas da Chuva em Teresópolis”.




        Na madrugada do dia 12 de janeiro de 2011, a cidade Teresópolis foi surpreendida por uma grande catástrofe. Jamais poderíamos imaginar que em meio uma tempestade sombria, com raios e relâmpagos estrondeantes, perderíamos amigos, parentes, conhecidos, enfim, pessoas queridas que deixariam um vazio enorme em nossos corações.
        Quando a madrugada chuvosa se foi, as marcas trazidas por ela ficaram: bairros irreconhecíveis, rios que se transformaram em “mares”, casas destruídas, pessoas mortas. Após essa triste calamidade, muitas dúvidas, aparentemente, sem respostas passaram a permear nossas mentes.
         A aula magna, realizada no dia 24 de março de 2011, com o tema: “Homem Natureza – As Marcas da Chuva em Teresópolis”, teve como objetivo central sanar um pouco de nossa inquietações e dúvidas sobre o que teria acontecido em nossa cidade, o por quê? A tragédia poderia ter sido evitada? Haveria algum culpado?
         Para viabilizar essa discussão três palestrantes, compuseram a mesa redonda: professor Luiz Antonio Pereira, professor Alexandre Garcia Monteiro e o Dr. Augusto Edmundo Braga, tendo como mediadora a coordenadora do Curso de Pedagogia Maria Terezinha Espinosa.
         A noite foi seguida por três apresentações brilhantes e bastante esclarecedoras, pois dúvidas e inquietações foram sanadas, mitos desmistificados, enfim, os estudantes puderam ter contato com pessoas que possuem conhecimento cientifico adequado para responder de forma coerente os questionamentos que foram trazidos pelos graduandos.
         Acreditamos que após a Aula Magna, o nosso senso de responsabilidade social tenha sido lapidado, pois percebemos que essa tragédia poderia ter sido menos dolorosa, se existissem políticas públicas adequadas para prever e minimizar os seus efeitos, e cabe a cada um de nós zelarmos pela nossa cidade e cobrar de nossos governantes que cumpram o seu papel, desenvolvendo medidas necessárias para garantir segurança e qualidade de vida a todos nós que residimos em Teresópolis.

Janaina Liotério - graduanda do curso


quarta-feira, 23 de março de 2011

Resenha

RESENHA crítica do livro: O que é educação.


Seminário Interdisciplinar
Professora: Gicele Faissal
Estudante: Luciana de Nazareth Silva Carneiro – 1o Período

Proposta de atividade: Após a leitura do livro O que é educação, fazer uma resenha crítica de acordo com o modelo.
Identificação da obra:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 3 ed. São Paulo : Brasiliense, 1995.
Apresentação da obra:
Nesta resenha iremos abranger, o que é a educação, como ela acontece, suas principais características e o quanto estamos diretamente ligados a mesma. Qual a importância da nossa participação na mesma para que ela aconteça de forma saudável.
Estrutura:
O livro contém nove capítulos descritos em 116 páginas.
-Educação? Educações: aprender com o índio
-Quando a escola é a aldeia
-Então, surge a escola.
-Pedagogos, mestres-escola e sofistas.
-A educação que Roma fez, e o que ela ensina.
-Educação: isto e aquilo, e o contrário de tudo.
-Pessoas versus sociedade: um dilema que oculta outros.
-Sociedade contra estado: classe e educação
-A esperança na educação
Em cada um veremos como a educação atua ou atuou em tempos antigos na sociedade, suas influências na sociedade e sua principal característica de acordo com cada capítulo.
Conteúdo:
“Educação? Educações: aprender com o índio”.
Na verdade não existe só um modo de aprender e de se auto educar. Hoje a escola é vista como a principal fonte de educação, mas não é bem assim que acontece. A educação deve funcionar como um segmento onde alguns ensinamentos devem vir de casa, os pais devem também ser praticantes da educação com seus filhos. Os professores e a escola virão depois como um segmento daquela carga que a criança já traz de casa.
Quando a escola é uma aldeia
A educação pode estar presente em qualquer lugar, pois ela não precisa acontecer especialmente dentro de instituições de ensino, na vida ela é passada de uma geração a outra. A educação é uma transferência de informações. De acordo com o que envelhecemos, vamos passando aos futuros conhecedores do mundo o que já sabemos: nossas experiências de vida e de educação. Também podendo não só passar, mas também adquirir novos conhecimentos. A educação está presente nas tribos indígenas de forma bem diferente onde “a sabedoria acumulada do grupo social não “dá aulas” e os alunos, que são todos os que aprendem, não aprendem na escola”. Tudo o que sabem aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas, “com o corpo, com a consciência, com o corpo-e-a-consciência pelos atos de quem sabe-e-faz para quem não-sabe-e-aprende”.
Então, surge a escola.
Esse é o começo do momento em que a educação vira ensino, que inventa a pedagogia, reduz à aldeia a escola e transforma todos no educador, ou seja, é onde todos aprendem para serem formados na sua vocação no que irão fazer daqui pra frente.
A educação da comunidade de iguais por sobre diferenças naturais começa agora a reproduzir desigualdades sociais por sobre igualdades naturais, então podemos concluir que quando se começa a usar as leis de ensino, elas começam a atuar para servir ao poder de poucos sobre a vida e o trabalho de muitos.

Pedagogos, mestres-escola e Sofistas.
Grandes sociedades como Atenas e Roma emergiram de suas civilizações antigas como qualquer outro grupo humano, sendo que continuou a valorizar todos os conhecimentos como a arte, a agricultura, o artesanato entre outros tornando tudo isso um grande mistério com principio de honra de solidariedade e principalmente de fidelidade a Polis.
Porém os gregos ensinam o que muitas vezes hoje esquecemos, que a educação está presente em todas as partes, ela é “o exercício de viver e conviver o que educa”. A escola é apenas um lugar e um tempo que isso vai acontecer.
A educação que Roma fez e o que ela ensina
Em Roma muito mais do na Grécia, a educação da criança é uma tarefa doméstica. A criança começa desde cedo a aprender em casa com os ensinamentos dos mais velhos para que possa dessa forma fazer prevalecer os valores desses ditos “mais velhos”.
Essa educação doméstica tinha como intuito buscar a formação de um adulto educado capaz de renunciar por si próprio. Em Roma, a formação educacional não estava preocupada com uma formação física e intelectual como aconteceu em Atenas, mas queria sim buscar uma educação dedicada ao trabalho com a terra, uma educação de comunidade.
Educação: isto e aquilo, e o contrário de tudo.
Existem várias maneiras de se compreender o que é educação ou poderia ser. É possível saber essa definição através de dicionários, leis e legislações, pedagogos e próprios estudantes que participam entre outros.
Contudo, existem em nosso país pessoas que protestam e cobram de quem faz essas leis. Cobram para que pelo menos as mesmas sejam cumpridas e protestam que a educação seja livre para acontecer para todos e seja distribuída igualmente para todos. Existe por toda parte dos educadores uma critica enorme quanto a distância entre a promessa e a realidade, porque talvez estejam mais preocupados com os interesses econômicos e políticos que se projetam na educação.
Pessoas “versus” sociedade: um dilema que oculta outros
Fazer a crítica do que é a educação é como fazer críticas a muitas outras coisas e essa crítica será feita em cima do que as pessoas acham e dizem dela.
Uma crítica direcionada à educação é de que a mesma tem a finalidade de servir aos interesses da sociedade ou a grupos determinados.
A educação é pensada como exercício do educador sobre o conhecimento do educador sobre o educando a fim de livrá-lo da ignorância e lhe dar o saber que irá  conduzi-lo a salvação.
Na verdade, a educação é aplicada por exigências sociais diferentes, culturas diferentes, cada uma necessária a determinado tipo de vida e reprodução da conduta de cada cultura de determinada sociedade e meio cultural.



Sociedade contra estado: Classe e Educação
A educação é uma prática social.
Émile Durkhein perguntava aos pensadores da educação quem afinal estabelece os ideais e os princípios da educação?
Podemos concluir que as leis quase sempre são elaboradas por pessoas que nem ela e nem o mundo um dia irá mudar.
A educação está diretamente ligada ao desenvolvimento e deve estar em constantes mudanças, pois está ligada ao momento vivido.
Associar “educação” a “mudança” não é mais novidade.
“Educação é preparação da criança para uma civilização em mudança” (Kilpatrik).
A esperança na educação
Podemos começar com uma expressão de Paulo Freire que diz: “Reinventar a educação”.
Vale lembrar que quando nos referimos à palavra reinventar é preciso lembrar que se vai reinventar é porque determinada coisa já existiu antes.
Nesse caso a educação é uma invenção humana que se já foi inventada poderá sofrer alterações sendo refeita de outro jeito.
Devemos acreditar que antes homens criavam determinados tipos de educação, para que depois a própria educação recrie determinados tipos de homens.
E preciso estar sempre preparados a ensinar-e-a-aprender, porque muitas vezes a educação se prende somente áquilo que é formal que virou rotineiro e na troca de informações entre ensinar e aprender o conhecimento adquirido é enorme.
A educação atribui compromissos entre as pessoas com classes, cargos e necessidades diferentes. Assim o saber não pode ser transformado em instrumento político de poder, pois temos educações desiguais. A quem domine a educação. E este que domina depois diz existir adultos despreocupados com a educação, pois estes mesmos não conseguem mais enxergar a escola como as escolas do governo como fazem com postos de saúde delegacias etc.
Enfim acham que a escola se tornou um lugar para atender as emergências e ao mesmo tempo lugares em que passou a imperar um tipo de domínio de classe indesejável.

Analisando de forma critica:

O Texto O que é educação nos traz um texto extremamente amplo em informações de fácil absorção na leitura. Nesse texto percebi que a educação existe e atua não só em dias atuais, mas também em tempos e épocas antigas, porém não deixavam de estar relacionadas ao que existe hoje, ou seja, o conceito de educação independente da época também tinha seus valores morais, éticos e educativos a fim formar melhores cidadãos.
         O texto nos mostra que essencial ao ser humano é ter o mínimo de conhecimento a algum tipo de educação, seja ela familiar, escolar, social, etc. É importante, pois todos vivemos em uma sociedade onde a educação se tornou praticamente uma regra para se viver em sociedade por exemplo, se queremos ter um bom emprego é preciso ter um nível educacional relevante.
        Também pude perceber no texto que a educação em nosso país se tornou um modo capitalista de nossos governantes a fim de servir a interesses da sociedade dominante ou a grupos determinados. O que é bem ruim, afinal ela deve ser um direito de todos.
         Concluindo com uma frase do livro O que é educação que diz “O que ocorre é que ela é inevitavelmente uma prática social que, por meio da inculcação de tipos de saber, reproduz tipos de sujeitos sociais.” Ou seja, todos estão submetidos a algum tipo de educação podendo atuar como sujeito principal ou um sujeito isolado.

Recomendação da obra:

A obra O que é educação de Carlos Rodrigues Brandão é recomendada a atuantes na área de educação, a estudantes, a outros escritores e a leitores que se interessam por assuntos relacionados à educação.      
Identificação do autor:

O autor da obra O que é educação se chama Carlos Henrique Brandão nasceu no Rio de Janeiro em abril de 1940. Formou-se em psicólogo na faculdade PUC.
Queria muito ser um educador, foi quando ingressou como professor na vida universitária em Brasília na (UnB), depois em Goiânia (UFG) e hoje em dia atua em Campinas.
Após isso se tornou antropólogo por conta própria depois, através de cursos na UnB e USP.
Dedica-se atualmente a aulas e pesquisas de antropologia social.
Alguns de seus livros publicados pela editora Brasiliense: Educação Popular, Identidade e Etnia, Pesquisa Participante, Educação como cultura, etc.

Identificação:

Aluna: Luciana de Nazareth Silva Carneiro Acadêmica do curso de pedagogia do UNIFESO (Teresópolis) 1º Período.
 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Artigo

POR QUE OUVIR AS CRIANÇAS?
Maria Terezinha Espinosa de Oliveira
DOUTORA em educação
Professora e coordenadora do Curso de Pedagogia do UNIFESO


Um dia Mariazinha acordou e correu para falar com sua mãe sobre seu sonho.

- Mãe... Mãe eu sonhei que...

- Agora não menina, estou atrasada para o trabalho. Quando eu voltar você me conta.

Mais tarde...

- Mãe, posso te contar meu sonho agora?

- Estou cansada, daqui a pouco vou te ouvir.

       Mariazinha desistiu de contar seu sonho. Era um sonho tão bonito com um cachorro que falava! Foi dormir e no dia seguinte já não lembrava de mais nada.

       Esta não é uma história de ficção. Situações como esta acontecem muitas vezes com as crianças em suas casas, ou nas escolas. Elas expressam a idéia de muitos adultos que pensam as crianças como seres pouco competentes, dependentes dos adultos e que não têm sobre o que falar. Ainda precisamos difundir uma outra idéia sobre as crianças. Aquela que as considera como sujeitos de direitos, independente de suas condições de vida econômica e cultural.

       Mas, porque é importante ouvir as crianças?

       Em primeiro lugar faz-se necessário compreender o significado do termo ouvir. A habilidade de ouvir ou escutar é um fenômeno físico que possibilita receber uma informação, decifrá-la e compreendê-la que no nosso caso – o da escuta da criança pelo adulto – envolve a interpretação. Podemos ouvir durante um dia inteiro em níveis diferenciados. Ao ouvir passivamente não damos atenção à mensagem, pensando em outras coisas enquanto ouvimos. Neste caso não há interação entre quem fala e quem ouve. Em outro nível podemos ouvir atentamente, captando as idéias principais, agindo e reagindo na comunicação. Ao fazermos isso provocamos no outro, pensamentos e sentimentos enriquecedores, aproximando e produzindo interações.

       Quando aquele que ouve é o adulto e o falante a criança, a comunicação fica enriquecida pelas expressões corporais, gestuais e faciais. Por isso ao ouvir as crianças precisamos estar de corpo inteiro, esvaziando a cabeça para poder compreender o que ela quer dizer.

        As crianças têm consciência de seus sentimentos, idéias, desejos e expectativas e são capazes de expressá-los desde que haja quem as escute com atenção. Ao falar desenvolvem formas específicas de comunicação oral e corporal, criam um vocabulário próprio, inventam palavras. Nós adultos devemos ouvir as crianças com atenção porque quando falam revelam os sentidos e significações, e os valores que desenvolvem sobre o mundo em que vivem.

       Ao expressar suas idéias, as crianças estão estimulando sua atividade mental. Nas narrativas que constroem as situações vividas, o imaginário e tudo que ouve dos adultos e de outras crianças se mesclam a partir da sua lógica, da sua forma singular de compreender o mundo a sua volta. Nesse movimento realidade e imaginação tornam-se brincadeiras com as quais exploram e criam papéis e situações na forma de simbolização. Na primeira infância as crianças ainda estão desenvolvendo a capacidade de distinguir ficção e realidade. Nesse momento seu pensamento associa elementos da realidade às suas observações das situações vividas e a imaginação.

       Como os pais e professores podem ajudar no desenvolvimento da expressão das crianças?

       Os adultos devem se colocar como co-participantes das narrativas, estimulando e ajudando no desenvolvimento de sua expressão. Devem também ouvir as crianças para compreender como estão percebendo as situações que vivem e assim ajudá-las no amadurecimento afetivo e a tornarem-se pessoas sadias e felizes. Não se preocupam se o que as crianças contam é verdade ou mentira. Embarquem na brincadeira e estimulem pedindo mais detalhes sobre o que elas estão narrando. Ao fazerem isso estarão provocando a reflexão, a atividade mental. Não pensem que por isso as crianças se tornarão mentirosas. O importante é cuidar delas com amor, carinho, permitindo que brinquem e sejam felizes hoje para que possam ser adultos autônomos, criativos e também felizes.

Artigo

INCLUSÃO DIGITAL: UMA QUESTÃO SOCIAL
Eliane Paim
MESTRE em educação
Professora do curso de pedagogia do UNIFESO.


O tema inclusão digital tem sido amplamente discutido por toda a sociedade.

        Numa época em que vivenciamos a chamada sociedade da informação, onde a tecnologia está inserida em todos os segmentos, a participação de todos, independentemente de raça, credo, cor, religião ou classe social, é um fator de extrema importância.

        Nossas crianças e jovens são atraídos pelo fascinante mundo que a informática proporciona: jogos online, comunidades virtuais, salas de bate papo, informações instantâneas e de qualquer lugar do mundo.

        Mas será que todos estão efetivamente incluídos digitalmente? Será que apenas saber ligar e desligar o computador já pode caracterizar a pessoa como apta para participar deste mundo digital?

        Com certeza a resposta é NÃO. Estar incluído digitalmente implica em muito mais questões: implica em saber em quais sites navegar, ter a certeza de que não está obtendo informações distorcidas ou falsas, ter a consciência de que as comunidades virtuais possuem participantes que nem sempre estão agindo de boa fé, tomar todos os cuidados possíveis para não cair em golpes virtuais.

        Além dos fatos mencionados acima, também existem aqueles que, por falta de oportunidade, não tem nenhum acesso ao computador. São os excluídos digitais e sociais. Estes, muitas vezes, só sabem ou ouviram falar da tal da internet na televisão ou escutaram alguém comentando na rua.

       Neste sentido, iniciativas que promovam a inclusão digital e social de todos devem sempre existir. Sejam elas de grande porte, como acontece com algumas organizações não governamentais, ou mesmo aquelas aparentemente simples como as que são realizadas pelos alunos do Curso de Pedagogia do UNIFESO, que pesquisam e realizam oficinas de inclusão digital em diversas instituições na cidade.

       Ações de pequenos grupos ou mesmo aquelas individuais, podem parecer pequenas diante de tanta desigualdade social, mas um pouco do que é realizado aqui e ali, quando somados, fazem uma diferença enorme.

       Poder olhar o encantamento de crianças, jovens e até mesmo de adultos ao realizar os primeiros contatos com essa máquina chamada computador, é algo que não tem preço, que nos faz sentir tão importantes e ao mesmo tempo tão pequenos diante de tanta desigualdade e injustiça.

       Afinal, como exigir de um jovem, que almeja o seu primeiro emprego, conhecimentos de informática, como a maioria das empresas solicita atualmente, se nem foi dada a chance para que ele pudesse obter tal conhecimento?

       Por isso, voltamos ao ponto inicial deste artigo: a inclusão digital está diretamente atrelada à inclusão social. Não adianta apenas fingir que todos estão conseguindo comprar seus computadores financiados em muitas prestações, se, primeiro, isso não acontece de fato em todas as camadas da sociedade e, segundo, se mesmo apertando o orçamento, a família consegue adquirir o computador, mas fica sem saber exatamente o que fazer com ele. Neste caso, uma preocupação ainda maior se configura: na falta de conhecimento das possibilidades que a informática oferece, os jovens acabam caindo em “contos do vigário”, como vemos na televisão.

       Por isso, todos nós, que já adquirimos o privilégio de utilizar o computador temos o dever de contribuir de alguma forma com aqueles que estão excluídos digitalmente, seja através de participações em ações promovidas por grupos de pesquisas ou até mesmo com pequenas atitudes do dia-a-dia, como sentar ao lado de um amigo que se sente perdido na frente do computador e perguntar: posso ajudar?


Artigo

A CRIANÇA HOSPITALIZADA E SUAS FRAGILIDADES
Gicele Faissal de Carvalho
MESTRE em ensino de ciências e saúde do ambiente
Professora do curso de graduação em PEDAGOGIA do UNIFESO

Neste espaço de diálogo, vale ressaltar algumas considerações voltadas especialmente ao escolar em ambiente hospitalar, cuja realidade se evidencia na fragilidade emocional causada pela sua enfermidade.
A situação de crianças, em idade escolar, submetidas à hospitalização, sempre traz uma implicação além da debilidade em que se encontra e pede que esforços sejam direcionados para que as crianças sejam amparadas psicologicamente elevando sua auto estima.
O que se verifica na prática é meramente um cuidado assistencial, que vai muito longe do que a criança necessita e espera. O carinho através de uma leitura, de um momento lúdico ou mesmo de uma prática escolar, vai de encontro ao que ela quer para esquecer por uns momentos, a sua doença.
Muitas atividades podem ser realizadas nesse contexto que agradam não só as crianças, mas envolvem os responsáveis que as acompanham. Nós, professores e estudantes do Curso de Pedagogia do UNIFESO temos desenvolvido no HCTCO, como projeto do Grupo de Estudos Independentes de Pedagogia Hospitalar, atividades que promovem a interatividade com as crianças e seus acompanhantes.
A Pedagogia Hospitalar é uma oportuna e importante contribuição na luta incessante pela qualidade de vida, na busca de novos e específicos conhecimentos que levados às crianças internadas, transformam o ambiente hospitalar em local de saúde e educação.
Assim, a integração dos vários profissionais que atuam no hospital, contribui na aproximação dos sujeitos e na cooperação para que haja de forma totalizante um clima favorável à realização de atividades que compreendam os problemas sociais e emocionais do hospitalizado e de sua família, frente às situações delicadas envolvendo o trinômio saúde-doença-hospitalização.
Em muitos casos, a escuta pedagógica, um diálogo que vai até o coração, ameniza não só as dores físicas, mas concede à mente a paz e o estado psíquico que o corpo necessita, e se refere além da apreensão de vozes e sons audíveis.
Trata-se de conceder ao hospitalizado a disponibilidade de estar com ele e para ele, compartilhando a dor, por meio do diálogo e da escuta atenciosa. Dialogar, saber ouvir e saber falar, quando e com quem e como falar. Este é o grande segredo da escuta pedagógica. Humanizar a conversa, respeitar alguém fragilizado, perceber num gesto de amizade, um conforto, uma atenção, uma palavra, um sorriso, uma esperança ou a explicação de uma situação grave, com delicadeza.
A fragilidade é grande, no corpo e na mente e a humanização se não se fizer presente no cuidado, no toque, nas atividades interativas já tão distanciadas pela enfermidade, não proporciona a recuperação a curto prazo.
O cenário é novo e atípico e os pais e professores que participam com a criança daquele enredo que nem sempre tem um final feliz devem se dispor, devidamente habilitados a participar desse momento, em que ela é o centro das atenções.
Sendo assim, o trabalho com as brincadeiras e as que desenvolvem certas habilidades, como desenho e pintura, torna-se humanizador na medida em que supre as carências afetivas e escolares, tão importantes naquele momento em que o afastamento do convívio social - família e escola – soma-se ao tratamento da afecção.
É exatamente este o ponto essencial que incentiva ações voluntárias ou profissionais a se engajarem a movimentos em ambientes hospitalares, reforçando a necessidade de investimentos humanos e financeiros que trabalhem em prol da melhoria da enfermidade das crianças fragilmente hospitalizadas.