segunda-feira, 21 de março de 2011

Artigo

INCLUSÃO DIGITAL: UMA QUESTÃO SOCIAL
Eliane Paim
MESTRE em educação
Professora do curso de pedagogia do UNIFESO.


O tema inclusão digital tem sido amplamente discutido por toda a sociedade.

        Numa época em que vivenciamos a chamada sociedade da informação, onde a tecnologia está inserida em todos os segmentos, a participação de todos, independentemente de raça, credo, cor, religião ou classe social, é um fator de extrema importância.

        Nossas crianças e jovens são atraídos pelo fascinante mundo que a informática proporciona: jogos online, comunidades virtuais, salas de bate papo, informações instantâneas e de qualquer lugar do mundo.

        Mas será que todos estão efetivamente incluídos digitalmente? Será que apenas saber ligar e desligar o computador já pode caracterizar a pessoa como apta para participar deste mundo digital?

        Com certeza a resposta é NÃO. Estar incluído digitalmente implica em muito mais questões: implica em saber em quais sites navegar, ter a certeza de que não está obtendo informações distorcidas ou falsas, ter a consciência de que as comunidades virtuais possuem participantes que nem sempre estão agindo de boa fé, tomar todos os cuidados possíveis para não cair em golpes virtuais.

        Além dos fatos mencionados acima, também existem aqueles que, por falta de oportunidade, não tem nenhum acesso ao computador. São os excluídos digitais e sociais. Estes, muitas vezes, só sabem ou ouviram falar da tal da internet na televisão ou escutaram alguém comentando na rua.

       Neste sentido, iniciativas que promovam a inclusão digital e social de todos devem sempre existir. Sejam elas de grande porte, como acontece com algumas organizações não governamentais, ou mesmo aquelas aparentemente simples como as que são realizadas pelos alunos do Curso de Pedagogia do UNIFESO, que pesquisam e realizam oficinas de inclusão digital em diversas instituições na cidade.

       Ações de pequenos grupos ou mesmo aquelas individuais, podem parecer pequenas diante de tanta desigualdade social, mas um pouco do que é realizado aqui e ali, quando somados, fazem uma diferença enorme.

       Poder olhar o encantamento de crianças, jovens e até mesmo de adultos ao realizar os primeiros contatos com essa máquina chamada computador, é algo que não tem preço, que nos faz sentir tão importantes e ao mesmo tempo tão pequenos diante de tanta desigualdade e injustiça.

       Afinal, como exigir de um jovem, que almeja o seu primeiro emprego, conhecimentos de informática, como a maioria das empresas solicita atualmente, se nem foi dada a chance para que ele pudesse obter tal conhecimento?

       Por isso, voltamos ao ponto inicial deste artigo: a inclusão digital está diretamente atrelada à inclusão social. Não adianta apenas fingir que todos estão conseguindo comprar seus computadores financiados em muitas prestações, se, primeiro, isso não acontece de fato em todas as camadas da sociedade e, segundo, se mesmo apertando o orçamento, a família consegue adquirir o computador, mas fica sem saber exatamente o que fazer com ele. Neste caso, uma preocupação ainda maior se configura: na falta de conhecimento das possibilidades que a informática oferece, os jovens acabam caindo em “contos do vigário”, como vemos na televisão.

       Por isso, todos nós, que já adquirimos o privilégio de utilizar o computador temos o dever de contribuir de alguma forma com aqueles que estão excluídos digitalmente, seja através de participações em ações promovidas por grupos de pesquisas ou até mesmo com pequenas atitudes do dia-a-dia, como sentar ao lado de um amigo que se sente perdido na frente do computador e perguntar: posso ajudar?


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